Por Causa da Mudança da Hora
A história que te vou contar é muito antiga e tem a ver com a alteração da hora , é uma história simples, mas que todos os anos era lembrada em nossa casa pela minha mãe um pouco envergonhada por ter caído num erro tão estúpido - dizia ela.
Acontece que o que nós temos de maravilhoso na vida é a capacidade de aprender com os erros e de fazer sempre melhor, é o que ela dizia :- nunca mais comento semelhante asneira, agora vou estar mais atenta!
Mas vamos à história: na noite que antecede a mudança da hora para o horário de Inverno, há muitos anos, não sei quantos, mas são muitos, minha mãe foi para a cama com a preocupação dessa alteração e de se levantar a horas de ir à missa da manhã - como se dizia - pelas 7 horas, porque depois da missa queria fazer o almoço e ir a Santa Luzia visitar a sua mãe, e ainda era um bocado a pé, naquela altura não havia automóveis como agora. Deitou-se, dormiu e acordou estremunhada pensando que tinha dormido muito, olhou para o pequeno relógio, na banca de cabeceira e, não se sabe como, pensou já serem horas de se levantar para ir à missa.
-O diabo tece-as! dizia ela,com uma expressão entre o zangado e o divertido.
Lá se levantou, tratou de pôr água na panela com os temperos e enquanto aguardou a fervura foi-se arranjar após o que deitou a carnina na panela, porque a minha mãe usava muito o diminutivo, ele era a , o leitinho, o pãozinho, a manteiguinha, o vestidinho... só eu a quem normalmente chamavam Clarinha era Clara quando fazia alguma maldade e ela dizia:
-Clara! Ficava em sentido, sem saber onde me meter...
Ficou a panela ao lume, porque a carne parecia dura, baixou o fogo, e saiu muito devagar para não acordar o meu pai e preocupada, porque já ia tarde para a missa.
Estranhou ao sair não encontrar nenhuma das vizinha, mas como ia atrasada...
Ao passar no cruzeiro ainda olhou para nossa senhora que dormitava no seu nicho, olhou para a casa da senhora Albertina , do Alfarra , do Luís do Morgado, ninguém!
-Vou mesmo atrasada, pensava com os seus botões...
Tinha esperança de ver descer a rampa de casa, a senhora Nazaré do Ratinho, mas não, nem vivalma!
Sobe apressadamente os degraus da igreja e encontra a porta principal fechada.
- O que se passa? Terá o sacristão adormecido? Estará a porta lateral aberta? Não tudo fechadinho nem um ovo!
Até aqui muito calma, deu por si com o coração aos pulos, sem compreender bem em que alhada estava metida.
-Querem ver que a missa é mais tarde hoje e eu não soube da mudança?!!
No regresso a casa quase que os pés não tocavam no chão, devagarinho entrou em casa, apagou o fogão e foi-se deitar novamente, quando pelo canto do olho vê o pequeno relógio que marcava 2 horas da madrugada, uma hora, porque a hora atrasava, e o meu pai dormia regalado sem dar conta das turbulências que se passavam à sua volta.
E então a minha mãe rematava ao contar esta história:
-Deus sabe que a minha vontade de cumprir era grande!
Acontece que o que nós temos de maravilhoso na vida é a capacidade de aprender com os erros e de fazer sempre melhor, é o que ela dizia :- nunca mais comento semelhante asneira, agora vou estar mais atenta!
Mas vamos à história: na noite que antecede a mudança da hora para o horário de Inverno, há muitos anos, não sei quantos, mas são muitos, minha mãe foi para a cama com a preocupação dessa alteração e de se levantar a horas de ir à missa da manhã - como se dizia - pelas 7 horas, porque depois da missa queria fazer o almoço e ir a Santa Luzia visitar a sua mãe, e ainda era um bocado a pé, naquela altura não havia automóveis como agora. Deitou-se, dormiu e acordou estremunhada pensando que tinha dormido muito, olhou para o pequeno relógio, na banca de cabeceira e, não se sabe como, pensou já serem horas de se levantar para ir à missa.
-O diabo tece-as! dizia ela,com uma expressão entre o zangado e o divertido.
Lá se levantou, tratou de pôr água na panela com os temperos e enquanto aguardou a fervura foi-se arranjar após o que deitou a carnina na panela, porque a minha mãe usava muito o diminutivo, ele era a , o leitinho, o pãozinho, a manteiguinha, o vestidinho... só eu a quem normalmente chamavam Clarinha era Clara quando fazia alguma maldade e ela dizia:
-Clara! Ficava em sentido, sem saber onde me meter...
Ficou a panela ao lume, porque a carne parecia dura, baixou o fogo, e saiu muito devagar para não acordar o meu pai e preocupada, porque já ia tarde para a missa.
Estranhou ao sair não encontrar nenhuma das vizinha, mas como ia atrasada...
Ao passar no cruzeiro ainda olhou para nossa senhora que dormitava no seu nicho, olhou para a casa da senhora Albertina , do Alfarra , do Luís do Morgado, ninguém!
-Vou mesmo atrasada, pensava com os seus botões...
Tinha esperança de ver descer a rampa de casa, a senhora Nazaré do Ratinho, mas não, nem vivalma!
Sobe apressadamente os degraus da igreja e encontra a porta principal fechada.
- O que se passa? Terá o sacristão adormecido? Estará a porta lateral aberta? Não tudo fechadinho nem um ovo!
Até aqui muito calma, deu por si com o coração aos pulos, sem compreender bem em que alhada estava metida.
-Querem ver que a missa é mais tarde hoje e eu não soube da mudança?!!
No regresso a casa quase que os pés não tocavam no chão, devagarinho entrou em casa, apagou o fogão e foi-se deitar novamente, quando pelo canto do olho vê o pequeno relógio que marcava 2 horas da madrugada, uma hora, porque a hora atrasava, e o meu pai dormia regalado sem dar conta das turbulências que se passavam à sua volta.
E então a minha mãe rematava ao contar esta história:
-Deus sabe que a minha vontade de cumprir era grande!
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