Hoje, ao descascar e picar cebola para preparar o almoço, os meus olhos lacrimejando olhavam para a casca amarelada e brilhante da cebola fazendo-me lembrar de um vidro que adoro.
O vidro casca de cebola que é muito procurado por coleccionadores e apresenta-se em lindíssimas peças vintage como cachepots, garrafas, jarras e conjuntos para água e vinho. No início do século passado, talvez na década dos anos vinte, o vidro branco transparente era tratado quimicamente de modo a adquirir o tom da casca de cebola que depois podia ser gravado ou tratado com jactos de areia que lhe conferiam artísticos desenhos.
Tenho uma pequena colecção de peças deste vidro que conservo religiosamente porque elas me lembram o passado tranquilo, tornando-o em simultâneo presente e permanente.
Elas dão-nos um toque de eternidade porque indiferentes ao passar dos anos, às modas, tempestades e convulsões do presente conservam a sua calma e dignidade e desafiam os espíritos conturbados que não valorizam o requinte do pormenor.
Dedico este pequeno apontamento à Maria João que diz apreciar o que escrevo. Um grato beijinho.
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