Quando se é sessentona, como eu, tem-se muita coisa amealhada que por vezes nos causa confusão, mas das quais não nos queremos desfazer, porque as mesmas nos avivam recordações que não queremos perder. Nesta linha de pensamento quero falar-te das minhas bijutarias que andavam acumuladas em caixas e gavetas de tal maneira que, quando queria usar alguma peça, ou não encontrava a dita, ou então estava de tal modo misturada com as demais que levava um tempão a separá-la o que fazia com que desistisse da ideia de a usar.
Muitas vezes, me apeteceu deitar tudo, ou pelo menos uma parte, para o lixo, mas sabendo, por experiência própria, que o tempo médio que decorre entre deitar fora uma coisa e em precisar desesperadamente dela é cerca de uma semana ... lá ia adiando a ideia sempre na perspectiva de encontrar uma solução para o problema!
Foi então que me lembrei de um antigo e maltratado lavatório que tínhamos na garagem e como sou apologista do contínuo vir- a - ser, vir- a- fazer, com a meta sempre à frente e não atrás, isto é nuca me apego ao que já fiz, mas tenho sempre em mente outros projectos , outros porquês para viver, os quais me ajudam a enfrentar os comos com que me deparo, lá deitei mãos à obra:
Martelei, lixei, dei duas mãos de Amerit, que é um produto anti-ferrugem , duas mãos de subcapa branca após o que estava pronto para o esmalte, o acabamento final.
Ficou bonito, e deu-me imensa alegria pôr aquela "tralha" toda muito direitinha ; os colares pendurados, as peças pequenas na bacia, as pulseiras no prato em baixo enfim ...enquanto procedia a este trabalho dei por mim a pensar:
-A criatividade, muitas vezes, consiste apenas em dar uma volta, por muito pequena que seja, aquilo que já existe!
Não te esqueças disto, conto-te esta história, numa perspectiva pedagógica, para que te atrevas a deixar brotar o ser criativo que há em ti.
Agora aqui fica o antigo lavatório transformado em guarda-bijutarias:
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