No passado fim de semana estava anunciado um encontro, no museu de Angra do Heroísmo, com o tema " Os Santos também se Vestem", integrado na exposição " Santos e Devotos" que está em curso naquele mesmo museu. O tema era sugestivo e atendendo à minha ignorância, no assunto, resolvi ir e em boa hora o fiz, visto que aprendi muita coisa com a introdução inicial, feita de uma maneira muito descontraída e acessível pelo padre Francisco Dolores e com a abordagem ao tema por Paulo Brasil, conservador e restaurador do dito museu, um trabalho muito bem documentado, fruto de um exaustivo trabalho de pesquisa .
Sendo leiga no assunto, tive algumas dificuldades em reter as informações que foram passadas, no entanto aprendi que no segundo concílio de Niceia em 787, foram legitimadas as imagens para veneração.
O papel educativo das imagens, ao longo dos tempos foi muito importante, sobretudo numa época em que a maioria da população era analfabeta. As imagens dos santos servem para perpetuar na memória a vida de alguém que se destacou no âmbito do que defende o cristianismo, para imitação dessa mesma pessoa e para veneração o que não se deve confundir com adoração.
Ao fim e ao cabo tudo isto é cultura pois as imagens são uma maneira de um povo se exprimir através da arte, o que normalmente esquecemos ao entrar numa igreja e quando olhamos qualquer imagem, cabe-nos a nós saber ler e interpretar essa mensagemO papel educativo das imagens, ao longo dos tempos foi muito importante, sobretudo numa época em que a maioria da população era analfabeta. As imagens dos santos servem para perpetuar na memória a vida de alguém que se destacou no âmbito do que defende o cristianismo, para imitação dessa mesma pessoa e para veneração o que não se deve confundir com adoração.
Ora, se a arte serve para educar, a igreja serve-se dessa arte para transmitir a sua mensagem que deve ser verosimel, comunicável e comunicada.
As imagens de vestir são uma tradição muito antiga que vem do clacissismo e surgem da tentativa do homem imitar o real isto é em vez de imitar o tecido usava-o tornando as imagens muito mais reais.
As imagens de roca que se podem observar na foto acima são imagens simples e com características especiais que encaixam num pedestal com a forma de roca ou dobadoira de fiar, daí o nome, e que depois são vestidas, ornamentadas e valorizadas com dignidade.
Há imagens de pleno vulto que foram transformadas em imagens de vestir e imagens de corpo inteiro ou de anatomia nas quais todos os membros são representados de forma simples ficando explícito o uso dos tecidos. As menos conhecidas são as imagens de roca as quais possuem uma estrutura interna, em madeira, que substitui o corpo e são muito dispendiosas porque o uso dos tecidos contribui para encarecer a peça. Estas imagens são leves e apropriadas para serem transportadas em procissões.
O aparecimento deste tipo de imagens, nos Açores está ligado às ordens Terceiras e a outras irmandades e entrou em desuso na 2ª metade do século XIX data a partir da qual as imagens são importadas do Continente e do estrangeiro.
As imagens de roca de vestir são leves, com articulações nos braços e antebraços o que permite um enriquecimento cénico variado, têm olhos de vidro, entalhados e policromados, rosto e mãos muito delicados e elaborados.
Diz-se que a 1ª virgem vestida apareceu em Espanha , numa rocha ( Roca), Em espanhol daí o termo Santos de Roca , uma teoria, a outra é que o termo tem a ver com o suporte que se assemelha a uma roca, como já atrás foi referido, estas imagens podem ser de corpo inteiro, com rocas, sentadas ou de joelhos, mas nem todas as imagens são de roca.
Santa Rosa, imagem de roca e de vestir
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