sábado, 10 de fevereiro de 2018

Carnaval da Terceira
















No Carnaval da Terceira
puxador é o rei,
E p'rós dançarinos em fileira
A fantasia é lei.
Guitarras, violas, acordeões,
Sedas, lantejoulas, veludos,
Acorrem aos salões
Seguindo o som do apito.
No Carnaval da Terceira ,
Há  filhós e coscorões,
Amizade e brincadeira,
Apitos foguetes e bombões.

O Carnaval na Terceira
É música cor e magia,
É  festa alegre e brejeira,
É tempo de alegria.


Depois, na Quarta-feira de cinzas
É tempo de descansar,
Lá se foram as cantigas,
Agora... toca a meditar.

Meditar na felicidade
De na Terceira viver,
Com tamanha qualidade
E tal património ter!!!

Clara Faria da Rosa

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Dia de comadres




Dia de comadres:
Por cá, nos Açores, é tradicional festejarem-se as quatro quintas-feiras que antecedem o Carnaval , as quais são conotadas, com esta ordem, com o dia das amigas, dos amigos, dos compadres e das comadres.
Hoje, comemoram-se as comadres isto é a madrinha em relação aos pais do afilhado/a ou a mãe do afilhado/a em relação aos padrinhos. Então, juntam-se comadres, em almoços, jantares e lanches, fazem-se telefonemas e trocam-se mensagens e prendas para lembrar uma função tão importante, pois se pensarmos bem na palavra, concluímos que a mesma significa estar com a mãe ou no lugar desta para a ajudar, coadjuvar ou substituir nas suas funções. Que isto não seja necessário, mas se pensarmos a sério no assunto é isto mesmo que significa.
Quanto a mim pensei a sério nas minhas comadres quer nas madrinhas do meu filho, quer nas mães dos meus afilhados/as que no fundo acumulam essas funções fazendo o favor de serem minhas amigas...
Esta é a minha maneira singela de lembrar o dia, embora não seja um comadre conforme estipula a lei, mandando a todas, à minha cunhada Nélia Faria da Rosa que é uma madrinha na verdadeira acepção da palavra, à Srª enfermeira Gorette Mendes na Fonte do Bastardo, à minha prima Hercília Aguiar nas Lajes, à velha Amiga Guida Gomes na Ribeirinha, S. Miguel, à Isabel Sousa em São Bento, um abraço desta comadre com votos de que vivam muitos dias de comadres !
Lembro também com saudade, neste dia de forma especial, as minhas comadres que já não estão entre nós.
Já agora, cito alguns ditados populares usados em relação a este parentesco, acrescentando que o substantivo também se usa para classificar uma amizade por vezes associada à coscuvilhice ou maledicência.
-Comadres,comadres, segredos à parte...
-Brigam as comadres, descobrem-se as maldades...
-Comadre zangada o que viu e ouviu transmitiu...
Rosas para as minhas comadres com muito carinho e amizade.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A Máscara:

A máscara

Do rosto esconde:
Os olhos, a tristeza e a saudade
A idade, preocupações e maldade...
A máscara a pessoa transforma
E nova personagem aparece:
- Folgazona e irreverente,
- Trapalhona e divertida,
- Brincalhona e desinibida;
No Carnaval com a máscara
A pessoa se descobre,
Acredita ser capaz,
Acredita ser diferente...
E como num sonho liberta-se
E até se torna jovem
Quando a juventude já passou!

  
Carnaval de 2018
CLARA  FARIA DA ROSA

Um substantivo bem terceirense

Um substantivo bem terceirense:
Numa fresca e ensolarada manhã de Inverno, era eu então uma jovem professora cheia de entusiasmo e vontade de fazer bem as coisas, e apostando no sucesso presente e futuro das crianças que me tinham sido confiadas, recebia-as com carinho, enquanto ia preparando o trabalho.
-Hoje vamos  falar de gramática, vamos continuar a falar  de substantivos - dizia eu - Substantivos são palavras, que como todos sabem, nomeiam seres, indivíduos, objectos ou um estado e podem ser próprios comuns e colectivos e ainda concretos e abstractos.
- Ainda se lembram? -
-Sim, Sim! Responderam em coro...
Então, vamos fazer várias colunas no quadro, vão dando exemplos, para serem  registados também  nos vossos cadernos.
Lá foram surgindo as mãos no ar e lá vinha o aluno ao quadro escrever a palavra na coluna apropriada,  gato, janela, mesa, rua, Fevereiro, Terceira...até que um rostinho redondo se anima, como se tivesse despertado subitamente, no cimo de dois palmos de gente, se levanta e grita com entusiasmo:
-Carnaval da Terceira!!!
Carnaval só, basta - digo eu...
Na, na, na, tem que ser Carnaval da Terceira! Os colegas riem...
-Calados por favor!
E eu, estupefacta com a perspicácia daquele "cinco reis de gente" com os meus botões repito: - Carnaval da Terceira!
Como eu o estendi, naquele momento... a palavra Carnaval é um nome próprio que individualiza uma época do ano muito característica em várias partes do mundo, mas como o Carnaval da Terceira não há, carismático, cultural, característico que movimenta grupos de teatro,este ano prevêem-se cerca de sessenta, músicos e dançarinos em torno de uma ilha ao longo de quatro noites, é inigualável! É por isso que eu, de regresso à minha terra, me estou preparando para viver com alegria, sorrindo e gargalhando com vontade este substantivo próprio, mais próprio não há! - O Carnaval da ilha Terceira, nos Açores. 


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

gizando...


A  Isolina Fialho é uma "rapariga"  da minha idade e além de sermos vizinhas, temos alguma cumplicidade porque somos da mesma freguesia e fomos condiscípulas na escola primária; É muito prendada de mãos e, acabando de fazer muitos fuxicos que juntou em quadrados, pediu-me para eu ir lá a casa ajudar a gizá-los que é como quem diz a organizar, delinear ou projectar o trabalho, de modo a que fique com bom aspecto e, embora o  tivesse sido feito com restos de tecido ficou bonito, como podes ver, faltando ainda prender os quadrados uns aos outros.
Este verbo gizar é uma palavra derivada da palavra primitiva giz e faz-me lembrar a minha mãe, de giz na mão, pondo os moldes sobre o tecido da cliente, dizendo:
- Vou gizar o tecido, para ver se dá o que queremos!
Quem diria que um trabalho de fuxicos me levaria a pensar em  gramática?!!
O que eu queria mesmo, mesmo, era saber gizar o resto da minha vida, com a mestria com que a Isolina fez o seu trabalho, para que o tempo que me resta viver,  tenha o mesmo colorido, a mesma alegria e a mesma beleza que o trabalho da minha vizinha!!!

   

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Como fiquei na bancarrota:

Ia olhando e pensando:
É só para ver, não e para comprar! 
Eis senão quando, os meus olhos batem numa pequena, rara e amorosa caixa  de um vidro que adoro. - O vidro casca de cebola,  que é muito procurado por coleccionadores e  se apresenta em  lindíssimas peças vintage  como cachepots, garrafas,  jarras e conjuntos para licores, água e vinho.
 No início do século passado, talvez na década dos anos vinte, o vidro branco transparente, era tratado quimicamente, de  modo a adquirir o tom da casca de cebola que depois podia ser gravado ou tratado com  jactos de areia que lhe conferiam artísticos desenhos.
Como podia deixar de comprar tal preciosidade, que me  lembra o passado  tranquilo, tornando-o em simultâneo presente e permanente?!!! E como deixar para trás a linda e dourada caixa que lhe fazia companhia, de louça alemã  com o carimbo BAVÁRIA?!!! 
Não resisti...
Fiquei  na bancarrota!
Esta expressão bancarrota, vem do facto de na idade média os negociantes de câmbio e empréstimos  se colocarem, nas feiras, atrás de uma mesa, para efectuarem os seus negócios, eram os avós ou trisavós dos bancos actuais, se os negócios iam mal eles quebravam a própria mesa, daí a palavra bancarrota, do italiano banca rota, que se traduz como banca partida ou banca quebrada.









Cá estou eu na capital, esperando por exames e consultas para tratar da saúde que afinal não ficou nada tratada, há que esperar, compreendendo que a vida é feita de capítulos,que vão sendo lidos aos poucos, uns mais agradáveis do que outros, mas contra isso não há nada a fazer, só esperar e aceitar....