Neste domingo, as famílias reúnem- se em torno de mesas mais ou menos requintadas, mais ou menos ricas, mais ou menos abundantes o que para o caso não interessa, o essencial é o espírito com que se reúnem que, para os cristãos, tem a ver com a celebração da vitória da vida através da morte que é uma coisa difícil de entender para quem não tem fé mas que com vontade se aceita e se compreende. Já o meu pai dizia: - A FÉ É QUE NOS SALVA!
É comum, nesta época, fazerem-se folares com ovos, enfeitarem-se ovos , e oferecerem-se amêndoas cobertas de açúcar, de várias cores e sabores, com feitio de ovo, símbolo de vida, que de certo modo lembra a ressurreição que hoje comemoramos.
Ora, como família que somos, embora muito pouco alargada, também tivemos o nosso almoço melhorado e eu, que não sou de deixar os meus créditos por mãos alheias, também fiz o meu "pospasto" palavra usada por Júlio Dinis em Uma Família Inglesa, num romance publicado em 1868, que significa sobremesa: Não foi nenhuma criação de chefe porque para isso me falta engenho e arte, mas o que faço todos os anos e a que "pomposamente" chamo "Ninho de Páscoa" - Um bolo simples, feito numa forma que tem ao centro uma concavidade, coberto de forma muito rudimentar de chocolate e com ovos moles na cavidade e claro, para celebrar a vida, ao centro, amêndoas, coloridas, doces e a desfazerem-se na boca de fabrico regional, pela firma Basílio Simões e filhos em Angra do Heroísmo.
E pronto, acabada a Páscoa, entramos na Pascoela e logo logo, temos um pé nas festas do Espírito Santo e nas festas de Verão num ciclo, numa voragem vertiginosa que nos entontece e envelhece sem nos apercebermos.
E agora só me resta desejar uma feliz Pascoela.