segunda-feira, 5 de agosto de 2024

GRATIDÃO!

 
No meu 76º aniversário:

 Sinto-me grata... 

Por esta  longa caminhada

Que  aos poucos me ensinou

A ser calma, tolerante e ponderada

Perante o presente, o futuro e o que passou.

Sinto-me grata... 

Pelas perdas que me fortaleceram

E que  permanecem em mim,

Pelas alegrias que me ajudaram

A fazer da vida um jardim.

Sinto-me grata...

Pelo dom da vida 

Que ao longo destes anos

Me foi  gentilmente oferecida

Apesar das dores e espinhos.

Sinto-me grata...

Pelas vossas mensagens calorosas,

Pela vossa  amizade e carinho,

Com perfume a cravo e  a rosas,

Aqui vai meu grato beijinho. 


Clara Faria da Rosa,

Agosto de 2024


 




No meu septuagésimo sexto aniversário:









 A CRUZ DA MINHA VIDA:


Às vezes difícil e pesada

Fui vivendo como pude,

Outras leve e dourada

Com agrado e saúde...


Certos dias de marfim

De brilho suave e cintilante,

Levo  esta cruz até ao fim

Apreciando cada instante...


Todos têm a sua cruz

Fácil,  leve, ou mais pesada,

À semelhança de Jesus

Tenho a cruz que me foi dada...


Quem diz que nunca a teve

Não viveu com luz e verdade, 

Pena minha  cruz ser breve

Já tenho dela saudade !


A minha cruz foi valiosa

Apreciei cada momento

foi fulgente e preciosa

Mesmo em tempos de  tormento...


Ai vida,  ai tempo, ai cruz

Ai passado tão veloz,

És rajada, chuva e onda

Quando rebentarás, minha cruz?


12/8/2024




quinta-feira, 27 de junho de 2024

Excessos ou ... dois em um.

 
É sobejamente sabido que dia de tourada na ilha Terceira é dia de excessos. Bebem-se algumas cervejas a mais, os homens aventuram-se à frente do touro de guarda sol em punho, as mulheres nas varandas e muros dão gritos histéricos ao presenciarem algumas situações que se lhes afiguram de algum perigo isto tudo para se não falar do 5º touro, um hábito que por cá existe que leva os donos das casas onde  corre o arraial a convidarem familiares amigos e conhecidos para uma mais ou menos abundante mesa à volta da qual se convive no intervalo da tourada ou enquanto esta decorre. São momentos de agradável conversa e, por vezes, de excessos. Mas, no dia seguinte, já está tudo esquecido e, toca para a frente, que a seguir vem outra tourada...

Pois cá tivemos a nossa tourada nas Bicas de Cabo Verde no passado dia 7, com a feliz coincidência  de o meu marido estar a festejar o seu aniversário daí o título deste pequeno texto, " DOIS EM UM"

Não somos pessoas de grandes excessos mas, sendo dia de aniversário, estivemos felizes com os nossos amigos e foi engraçado porque alguns iam saindo e comentavam o facto o que fez que fosse um agradável entra e sai  de vários amigos  e conhecidos a parabenizar  o feliz aniversariante.

Aí ficam algumas fotografias que dão conta do sucedido, desejando que o meu marido possa voltar a viver  esta feliz coincidência com a mesma saúde e alegria que viveu neste dia 7 de Junho de 2024, dia de "dois em um" na nossa casa. 

















segunda-feira, 3 de junho de 2024


É A VIDA  A  PASSAR ...

O tempo vai passando

E nós vamos recordando...

Os anos e alguns segundos

Dias, meses, até momentos.

É a vida a passar

E nós a recordar com amargura...

Com saudade e muita ternura

Todos os  que já se foram.

E no coração registamos

As alegrias, tristezas e dores,

As perdas e sofrimentos,

As conquistas e os desaires...

Mas este momento usufruímos

Com esperança e cumplicidade.

Com força e humildade,

Gratos pelo que construímos...

Embora com algumas dores

Dizemos que tudo vai bem,

Deus ouvirá nossos temores

E ajudará como ninguém! 

Expectantes quanto ao futuro

Vamos apreciando o brilho do sol,

E vivendo nossa missão

Com persistência e ousadia,

Até quando? Não sabemos,

Vamos saboreando esta aventura,

Este caminho que percorremos

Do berço â sepultura!


Clara Faria da Rosa,

25/05/2024







 

domingo, 31 de março de 2024

Pospasto de Domingo de Páscoa:

 

Neste domingo, as famílias reúnem- se em torno de mesas mais ou menos requintadas, mais ou menos ricas, mais ou menos abundantes o que para o caso não interessa, o essencial é o espírito com que se reúnem que, para os cristãos, tem a ver com a celebração da vitória da vida através da morte que é uma coisa difícil de entender para quem não tem fé mas que com vontade  se aceita e se compreende. Já o meu pai dizia: - A FÉ É QUE NOS SALVA!

É comum, nesta época, fazerem-se folares com ovos, enfeitarem-se ovos , e oferecerem-se amêndoas cobertas de açúcar,   de várias cores e sabores, com feitio de ovo, símbolo de vida, que de certo modo lembra a ressurreição que hoje comemoramos.

Ora, como família que somos, embora muito pouco alargada, também tivemos o nosso almoço melhorado e eu, que não sou de deixar os meus créditos por mãos alheias, também fiz o meu "pospasto" palavra usada por Júlio Dinis em Uma Família Inglesa, num romance publicado em 1868, que significa sobremesa: Não foi nenhuma criação de chefe porque para isso  me falta  engenho e arte,   mas  o que faço todos os anos e a que "pomposamente" chamo  "Ninho de Páscoa" - Um bolo simples, feito numa forma que tem ao centro uma concavidade, coberto de forma muito rudimentar de chocolate e com ovos moles na cavidade e claro, para celebrar a vida, ao centro, amêndoas, coloridas, doces e a desfazerem-se na boca de fabrico regional, pela firma Basílio Simões e filhos em Angra do Heroísmo.

E pronto, acabada a Páscoa, entramos na Pascoela e logo logo, temos um pé nas festas do Espírito Santo e nas festas de Verão num ciclo, numa voragem vertiginosa que nos entontece e envelhece sem nos apercebermos.

E agora só me resta desejar uma feliz Pascoela.








sexta-feira, 29 de março de 2024

Jogos de Páscoa:

 Não sei se, atualmente, as crianças e os  jovens têm maneiras especiais de se  divertirem na época de Pascoa, quanto a mim, lembro-me muito bem do jogo do Belamento ou Belamente que me divertia bastante. 

 Primeiro havia que encontrar o parceiro ou parceiros que quisessem jogar connosco, depois, era necessário falar com a mãe para saber se ela autorizava pois, em caso de derrota tinha que se dar o prémio ao adversário. Posto isto combinavam-se as regras e a data do início do jogo e aí começava o desassossego.

Uma vez por dia ou duas, de manhã e à tarde, lá se vigiava o adversário para se ser o primeiro a gritar bem alto, para que não houvesse dúvidas,  BELAMENTO!, Por vezes, viviam-se momentos bem caricatos na ânsia de apanhar o outro jogador desprevenido...

Diariamente, fazia-se a contabilidade e numa folha de papel, iam-se registando com um simples risco ao alto os belamentos que se contavam na véspera do dia de Páscoa para se saber quem tinha mais riscos e portanto, quem era o vencedor que teria o prémio, normalmente um embrulhinho de amêndoas.

Pode parecer uma brincadeira ingénua e sem graça se comparada com  os brinquedos e jogos tão sofisticados  da atualidade  contudo, se pensarmos bem, podemos concluir o que de riqueza ao nível do desenvolvimento isto pode trazer à pessoa: interação com os outros, a procura do momento certo, o saber esperar pela oportunidade, o registar, o comparar, o aceitar que o parceiro foi mais perspicaz, o rir com ele, enfim, parece que quem jogou o Belamento  teve oportunidade de aprender a ler , um pouco, a vida!

Votos de Uma Feliz Páscoa e.... BELAMENTO!















terça-feira, 26 de março de 2024

Lembrar e preservar o passado:


Saio da Caixa Geral de Depósitos, em Angra do Heroísmo, atravesso a rua da Sé e no edifício que faz canto com a rua Direita, olho 
uma loja que vende roupa de homem mas, no meu pensamento, vejo a loja Berbereia & Lourenço, que funcionava  naquele espaço na década de cinquenta do século passado, da qual exalava um cheiro a café do outro mundo! Entro pela mão de minha mãe  e então, admiro-me  e delicio-me com a profusão  de diferentes produtos e com o agradável odor a café. Após algum tempo de espera, pois o espaço era muito procurado, lá atendem a minha mãe que sempre que vinha "à cidade", aproveitava para se abastecer e lá pede:  - cevada, café para misturar com a cevada, para ficar mais barato e algum café em grão que mais tarde poderia torrar e moer, tudo embrulhado em papel que o empregado fechava com um jeito de dedos muito hábil e peculiar,  que eu apreciava encantada. Já em casa,  toca de ferver água e pôr sobre a cevada com uma colher de sopa de café misturada, que depois punha a coar num saco branco, com feitio de funil que, estava sempre preparado para exercer as sua funções. E, pronto, era a nossa bebida misturada com leite.

O que te conto, faz  parte da minha herança, da minha cultura e até certo ponto da cultura de Angra do Heroísmo. Acredito que, todas as famílias têm histórias que, se forem contadas, passam a fazer parte da história de todos e ajudam os mais jovens a ter a noção do  passado mais afastado ou mais recente... Ou pensam que foi sempre sentar à mesa de um café e pedir uma bica ou um  galão?!

E a comprovar tudo isto aqui vai o meu vetusto moinho que moía os acima citados grãos, cujo pó ia caindo na gavetinha !



sexta-feira, 8 de março de 2024

 

No dia da Mulher:


-Monólogo de uma Mulher inquieta:
Muitas vezes me enfrento e interrogo se estarei à altura, se sou uma mulher na verdadeira acepção da palavra, uma mulher perfeita, em plenitude, e claro que concluo que estou muito longe disso. Na verdade, penso que essa é uma tarefa inglória e praticamente inatingível, por isso dou por mim a dizer para os meus botões:
- Deixa para lá, Clara, ninguém é perfeito neste mundo, o que deves é enfrentar os teus defeitos, tentar melhorar, e vive a vida com alegria!
Mas, bem lá no fundo, há uma vozinha que me "azucrina" a cabeça e me diz:
-Clara, para seres uma mulher perfeita tens que te referenciar pelos valores e sabedoria legados pelas gerações anteriores.
-Mas, como posso fazer isso, penso eu, se não sou lá grande coisa, se muitas vezes, mesmo sem me dar conta, sou voluntariosa, preguiçosa ingrata, pouco tolerante, imperfeições a que poderia juntar muitas mais...
-Já é muito bom quando reconhecemos os nossos defeitos, as nossas imperfeições, e quando nos interrogamos se estamos à altura do que os outros esperam de nós! - Sussurra a vozinha, lá muito no fundo do meu eu.
- Na verdade, penso eu, tenho sorte, pois apesar dos meus defeitos, sou tolerada pelos que me conhecem e contactam comigo , sou aceite com as minhas imperfeições!
-Pois é, diz-me a voz, a Mulher não tem que ser perfeita, impecável, adorada, reverenciada, tem é que ser amada, percebida e respeitada pelo que é e como é, com as suas virtudes e os seus defeitos.
-Ainda bem, concluo eu, assumo as minhas imperfeições e reconheço a sorte de ser amada, tolerada e compreendida; É esta sensação que me dá segurança e vontade de enfrentar os vendavais com que me tenho deparado ao longo da vida, nesta minha situação e qualidade de "Mulher imperfeita".
Que sejamos felizes, na nossa imperfeição, como somos , na nossa tentativa de acertar, é o que desejo a todas as mulheres, afinal não somos amores-perfeitos!

quinta-feira, 7 de março de 2024

 


Não escolhi!


Não escolhi,

Mas mulher nasci

E aceitei...

As dores, os sofrimentos,

As alegrias e bons momentos,

O perfume da maternidade,

A bondade e a maldade...

Não escolhi,

Mas mulher nasci

E aceitei...

As flores que me foram dando,

Os espinhos que foram picando,

Com força , com vontade

De a vida melhorar,

De as mulheres valorizar...

E se pudesse renascer, 

E se pudesse escolher,

Escolheria ser mulher,

E passar o que já passei,

Hoje, dia da mulher,

E todos os dias, meses e anos,

Porque as mulheres são árvores

Com raízes profundas e fortes,

Que se espalham... 

Nos dias, nos meses, nos anos,

Na vida! 


 CLARA FARIA DA ROSA,

DIA DA MULHER.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

As voltas da vida:

















O meu pai era agricultor, pelo que vivíamos do produto do seu trabalho na terra e da criação dos animais, comprávamos poucas coisas, tínhamos produtos hortícolas com abundância, frutas da época, milho e trigo que depois de moídos eram transformados em fornadas de pão, tínhamos sempre galinhas em abundância , porcos e vacas. Logo pela manhã o meu pai saía de casa com o seu traje de cotim e "Jaqueta" no ombro para ir tirar leite às vacas depois do que ia até ao engenho/desnatadeira deixar o leite para ir para a fábrica dos laticínios, não sem antes apartar o necessário para o gasto de casa, lá trazia uma bilha reluzente com o leite ainda quente, do mojo da vaca, para a minha mãe preparar as sopas de leite com pão de milho migado que eram acompanhadas com peixe frito, linguiça frita, algum torresmo que a minha mãe tirava da gordureira ou outra iguaria, também fazia queijos e fervia o restante que, depois de frio, formava à superfície uma crosta de nata que era guardada numa tigela com um pouco se sal. A tigela ia-se enchendo até quase a transbordar aí, a minha mãe fazia biscoitos de natas ou  anunciava: - Está na altura de serem batidas! Então, eu sentia um calafrio na coluna porque percebia logo que era tarefa que me estava destinada!

Batia, batia, batia - não havia batedeiras eléctricas - até que, como que por magia, aquele creme se transformava na mais bela manteiga que jamais viria a comer. Pode haver manteiga de muitas marcas, de muitas fábricas , com sal, sem sal,  gorda  e magra, se bem que eu não compreenda como é que a manteiga possa ser magra, mas não há nada que se compare àquela manteiga sobre uma fatia de pão caseiro, penso que os da minha geração me compreenderão!

Foi-se a lavoura, a vida mudou, e eu comecei a frequentar a casa dos meus sogros e não é que por acaso deparo-me com um objecto que me era estranho, um grande frasco de vidro, com umas pás de madeira na tampa, que eram introduzidas no interior do frasco e que giravam quando se rodava   uma manivela com cabo também de madeira. O desconhecido objecto, segundo me disseram, fora trazido da América pelos avós do meu marido no início do século passado, década de 20, com a inscrição: DAZEY CHURN M.F.G.  Nº20 - MADE IN ST. LOUIS - U.SA. 2QT e tinha a finalidade de bater manteiga.

Fiquei espantada e desiludida. Afinal, quando tínhamos  vacas a dar leite do qual obtínhamos, artesanalmente, manteiga, não conhecia este precioso objecto, quando o descobri, já não havia vacas...  a vida, muitas vezes, dá-nos a volta! 

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Presentes de Natal:






Estas pequenas peças de alumínio, metal branco, leve e inoxidável, que guardo religiosamente desde a década de 50, muito bem embrulhadas, no fundo de um armário, fizeram-me pensar e interrogar sobre os presentes que as crianças de hoje recebem pelo natal e se lhe darão tanta alegria, como este presente me deu. Muito foi o que brinquei, muito imaginei , muitas sopas imaginárias fiz nestas pequenas panelas que punha sobre o fogão a petróleo, cópia do fogão "primus", antepassado do fogão a gás e substituto do fogão a lenha. Sim senhora, euzinha, servi muitos almoços e jantares, muitos cafés e estrelei muitos ovos nestas miniaturas!

O que eu gostava de saber é se  as crianças de hoje guardarão alguns dos seus presentes ou se porventura se lembrarão deles daqui a sessenta ou setenta anos com o mesmo carinho que eu sinto pelo meu presente de natal de há setenta anos...

Concluo dizendo que, entre as minhas riquezas mais estimadas estão coisas sem valor material mas que fazem grande sentido para a pessoa em que me tornei!







 

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

SINOS DE NATAL:

DLIM, DLIM, DLIM, DLIM...













 Dlim, dlim, dlim, dlim...

Tocam os sinos pequeninos,

Anunciando à pequenada,

Que nasceu o Deus Menino

Numa gruta encantada.

Dlim, dlim, dlim , dlim...

Estes sinos pequeninos

Espalham  à nossa volta  magia,

Tornam os tempos perfeitos,

Imbuídos  de  doce alegria.

Dlim, dlim, dlim, dlim...

Embora com suave som,

Os sinos lembram os adultos,

Que devem fazer melhor,

Que devem ser mais sensatos,

E ignorar os insultos.

Dlim, dlim, dlim, dlim...

Estes sinos pequeninos,

 Acordam os homens da guerra,

E lembram suavemente,

Que querem paz de volta à terra,

Paz, paz, eternamente!


Clara Faria da Rosa,

Natal de 2023