sábado, 19 de abril de 2025

Uma história da Semana Santa:

 Esta história já é muito antiga, foi contada por Eça de Queiroz em a "Cidade e as Serras" romance que foi publicado após a sua morte em 1900. Eça já tinha revisto grande parte do escrito quando faleceu, ficando parte para ser revista por um amigo, acabando por ser publicada esta "novela fantasista",como Eça lhe chamava, em Agosto de 1900.
Conta então o romance, a páginas tantas, que o abastado Jacinto que vivia em paris, num palácio nos Campos Elísios, o nº 202, vivia com todos os luxos e modernidades que existiam à altura e que tinha como protegida uma cocotte chamada  Diana de Lorge ou Diana d`Oriol. Acontece que a dita dama, certo dia da Semana Santa apareceu no palácio de Jacinto, depois do almoço, toda de negro, de um negro liso e austero de semana santa, a caminho da Igreja da Madalena onde tinha lugar marcado para o sermão. Aceitando um biscoito e um cálice de Tokai, tirou o chapéu, para se servir mais à vontade, Jacinto então, reparou no Chapéu e curvou-se com curiosidade impressionado com aquela obra de arte, uma criação da Madame Vial, muito respeitoso, muito sugestivo e muito quaresmal... o qual sobre o veludo, na sombra das plumas frisadas, aninhada entre rendas, fixada por um prego, pousava delicadamente, feita de azeviche, uma coroa de espinhos!
Isso mesmo, pasme-se, uma coroa de espinhos como a que Jesus usou  durante a sua paixão, na cruz que o crucificou, a adornar o chapéu de Diana de Lorge, a Cocotte de jacinto!



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